Para que serve um Sindicato ? Com certeza para a defesa coletiva dos interesses de uma categoria profissional. Mas a união de trabalhadores em torno de uma entidade sólida e estruturada também é a garantia de apoio em situações particulares. É a certeza de que nunca se está completamente só.
O Oficial de Justiça Pablo Forlan de Souza Nóbrega vivenciou uma situação que retrata um pouco a particularidade desse papel do na vida do trabalhador. Há aproximadamente dois anos, ele e a esposa foram vítimas de um crime que comprometeu a saúde física e emocional do casal e o impediu de trabalhar.
Apoio e orientação
Sem o apoio e a orientação prestados pelo Sindicato dos Oficiais de Justiça da Paraíba (Sindojus-PB), ao qual ele é filiado, o trauma talvez tivesse sido muito maior, com o possível comprometimento até das condições financeiras do casal.
No final da tarde de 23 de janeiro de 2017, Pablo e a esposa, Dinara Nóbrega, foram ao supermercado Hiperbompreço, localizado no bairro do Aeroclube, em João Pessoa, para fazer compras e quando se encontravam na fila da casa lotérica existente no interior do estabelecimento, foram surpreendidos por criminosos que entraram no local para assaltar e trocaram tiros com seguranças.
Fogo cruzado
Em meio ao fogo cruzado, o casal foi baleado. Ambos levaram tiros nas pernas, próximo à região do joelho. Foram levados para o hospital e operados. Mas a vida nunca mais seria a mesma. Tiveram alta hospitalar, incapazes de andar e dependentes do cuidado de terceiros. Com um apartamento em reforma, quase sem móveis, com pais idosos e doentes morando em outras cidades, Pablo e Dinara precisaram contar com a ajuda de sobrinhos e amigos.
Foi essa rede de apoio que comprou às pressas os móveis básicos para dar o mínimo de conforto ao casal e que cuidou dos dois nos primeiros momentos. Depois, os pais chegaram para reforçar os cuidados. Mas uma questão muito importante e urgente precisava ser resolvida de forma bem técnica: quais procedimentos tomar para garantir os direitos de Pablo como trabalhador em uma situação de incapacidade física?
Sem isso, o casal ficaria vulnerável, impossibilitado até de arcar com os custos do tratamento. Mas naquele momento de incertezas e fragilidade, o casal pôde contar com o apoio e a orientação do Sindojus-PB. Pablo conta que os colegas do Sindicato fizeram várias visitas à sua residência para acompanhar a recuperação do casal e também para levar a trazer documentos.
Foi o Sindojus-PB o responsável por dar entrada na primeira licença para afastamento do trabalho, quando Pablo ainda não tinha condições de locomoção, “auxiliando em cada procedimento que porventura surgiam durante aqueles dias”, explica.
Expressões de solidariedade
“Recebi também a visita do colega Vicente Neto, várias ligações do colega Hildo, sempre com alguns conselhos e orientações sobre os procedimentos que surgiam. Vale ressaltar a grande colaboração de Benedito, como presidente do Sindicato, sempre disposto a contribuir no que fosse necessário aos fatos pertinentes diante do Tribunal de Justiça”, recorda Pablo Nóbrega.
As sequelas dos tiros permanecem na vida do casal. Eles tiveram perda óssea e de cartilagem, partes do corpo que não se regeneram. A falta do osso causa diminuição na força e a falta da cartilagem provoca dor. E ambas as situações ocasionam, de forma precoce, várias doenças como artrose, artrite, condromalacia, males que surgiriam naturalmente apenas na terceira idade.
Pablo e Dinara sentes ainda dores nos quadris, na coluna e na perna oposta ao tiro em decorrência da postura inadequada forçada pela dificuldade de locomoção. Pela falta da força, o andar clinicamente ainda não está corrigido em sua totalidade, impossibilitando o casal de realizar vários movimentos no dia-a-dia como, correr, abaixar, subir e descer escadas e ladeiras e sentar em lugares baixos.
Marcas do passado
Eles precisaram fazer fisioterapia diariamente durante um ano e adquirir equipamentos para não dar intervalo no tratamento nem mesmo nos fins de semana. Isso tudo sem contar o trauma psicológico, que leva o oficial de justiça e sua esposa a temer locais como bancos, loterias e áreas de grandes aglomerações.
“Há alguns dias nos deparamos com um carro forte e seguranças armados, sendo uma cena semelhante ao dia do ocorrido, isso nos deixou em estado de pânico e pavor, trazendo por algumas horas um verdadeiro desespero. O trauma ainda se faz muito forte”, lamenta Pablo.
O casal continua em acompanhamento médico e fisioterapêutico em menor intensidade, porém constante. Nessa jornada, o Sindojus-PB continua acompanhando a família do Oficial de Justiça e prestando apoio tanto técnico quanto emocional, numa tentativa de minimizar os efeitos dessa experiência tão traumática.